terça-feira, 21 de abril de 2015

Homilia do III Domingo da Páscoa – Ano B

Homilia do  III Domingo da Páscoa – Ano B

Cristo é o Critério da Interpretação da Palavra de Deus
O evangelho deste domingo continua a meditação do episódio dos discípulos de Émaus. Quando eles ainda estão conversando sobre o que tinha acontecido com eles no caminho, Jesus aparece e lhes deseja a paz; ele continua a explicar-lhes sem interromper o argumento: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o quede mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos” (Lc 24,44). Os discípulos ainda não tinham entendido a escritura, porque desejavam um messias aos padrões dos desejos humanos e não a partir dos planos de Deus.
Observe-se o seguinte: Jesus fala com eles recordando-lhes diretamente as profecias do Antigo Testamento e, indiretamente, as maravilhas de Deus outrora operadas. Isto é, as grandes obras que Deus operou noutros tempos continuam sendo uma referência para falar do Messias Salvador, que é Jesus Cristo. Contudo, o Antigo Testamento ganha todo o seu esplendor somente quando interpretado desde Cristo, é ele quem faz a interpretação das antigas escrituras de Israel. Neste sentido, o Concílio Vaticano II afirmou que “Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs sabiamente que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo, e o Antigo se tornasse claro no Novo” (DV 16). Na verdade, toda a Bíblia só tem sentido como revelação divina em Cristo e na Igreja. Desvincular a Escritura Sagrada de Cristo e da Igreja é transformá-lo num mero livro de literatura.
O católico deveria ler mais as Sagradas Escrituras; desconhecê-la é ignorar Jesus Cristo, já que a Bíblia dá testemunho de Jesus Cristo. Mas, lembremo-nos: ela deve ser entendida em Cristo e na Igreja.
O que se quer dizer com isso? Explicando-o de maneira negativa: não se deve fazer uma interpretação livre da Bíblia que vá contra o seu sentido verdadeiro no contexto de uma autêntica interpretação. De maneira positiva, deve-se afirmar que a Bíblia deve ser entendida no seu contexto, que é essencialmente um ambiente de fé e eclesial. Não nos esqueçamos que a Bíblia é fruto da Tradição: Jesus pregou, os apóstolos pregaram; tão somente depois foi colocado por escrito a pregação de Jesus e dos Apóstolos.
As pessoas que fazem livres interpretações da Bíblia, só que à margem da interpretação autêntica da Igreja Católica, acabam, de uma maneira ou outra, criando o seu próprio universo bíblico, que não é o de Cristo. Daí que há tantos cristãos com a mesma Bíblia e ao mesmo tempo há tantas denominações cristãs, as quais, frequentemente, brigam entre si. Isso é muito feio! A divisão entre os cristãos é um escândalo que provoca a incredulidade ou pelo menos não ajuda os outros a aproximarem-se da fé em Cristo.
Todo testemunho de fé precisa da adesão da fé, daí nasce o conceito de sunsus fidellis que é o consenso da fé, que pressupõe o testemunho dos apóstolos e por sua vez a interpretação apostólica da Igreja. Dado as circunstâncias a Igreja Católica como depósito ininterrupto da fé apostólica é a guardiã do mesmo. Por isso, toda interpretação autêntica não pode dispensar a autoridade da Igreja Católica.    
Deste, forma, exposta acima, recai sobre todos os católicos e principalmente do ministério ordenado a missão de levar a termo a missão de Jesus. Cada cristão é nestes termos um discípulo-missionário de Cristo.


sábado, 11 de abril de 2015

FESTA DO DOMINGO DA MISERICÓRDIA

FESTA DO DOMINGO DA MISERICÓRDIA 

João Paulo II, em 30 de abril do ano 2000, instituiu a Festa da Divina Misericórdia para toda a Igreja, decretando que a partir de então o segundo Domingo da Páscoa passasse a se chamar Domingo da Divina Misericórdia, tal como foi inspirado à Santa Faustina: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja benzida solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49; cf. 88; 280; 299b; 458; 742; 1048; 1517). 
Entre os anos 1931-1938, Santa Faustina foi inspirada para introduzir esta festa. Ela foi uma freira polonesa que recebeu a mensagem de misericórdia para toda a humanidade, introduzindo algumas novas formas devocionais que pretendem auxiliar e impulsionar o cristão a se aproximar, com confiança, mais e mais do mistério da Divina Misericórdia – o terço, a novena, a hora santa, a imagem da Divina Misericórdia, e uma nova celebração litúrgica: a Festa da Divina Misericórdia.
Neste ano, na véspera da Solenidade da Festa do Domingo da Misericórdia, o Papa Francisco vai divulgar a Bula de convocação para a Igreja celebrar o Ano Santo da Misericórdia, colocando as várias possibilidades possíveis para vivermos este tempo de graça.
O fundamento da mensagem da Divina Misericórdia é a confiança. Somos como vasos de misericórdia, e o quanto de misericórdia estes vasos irão armazenar e distribuir para os outros depende da nossa confiança. E a confiança requer conversão do nosso coração e de nossa alma para entendermos a Misericórdia de Deus, para sermos misericordiosos com os outros e para deixarmos Deus dirigir nossa vida.
Em Provérbios 3,5 está escrito: "Tem confiança no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes na tua prudência”. Confiar em Deus é fácil quando as coisas vão bem, contudo, em tempos de provação, sofrimento, dúvida, fraqueza e ansiedade começamos a imaginar "onde está Deus"? "Ele realmente existe?" Se rezamos e acreditamos que estamos fazendo a Sua vontade, então nós devemos pedir por força e firmeza na fé.
A confiança é a chave para se viver a mensagem da Divina Misericórdia. Quando nossa fé for testada em tempos de provação e sofrimento, reflitamos no que diz o Diário de Santa Faustina: "Quanto mais a alma confiar, tanto mais receberá" (Diário da Santa Faustina, 1577).
Em Mateus 11, 28-30 está preconizado: "Vinde a mim todos os que estais fatigados e carregados, e eu os aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave, e o meu peso é leve".
Estas provações na vida nos dão oportunidades de rever nossa fé e frequentemente nos forçam a questionar nossa relação com Deus. Santa Faustina escreveu: "Deus às vezes permite coisas estranhas, mas isso acontece sempre para que se manifeste na alma a virtude" (Diário, 166). O sofrimento tem sempre um propósito, assim como ensinou o Apóstolo São Paulo: “Porque o que presentemente é para nós uma tribulação momentânea e ligeira produz em nós um peso eterno de uma sublime e incomparável glória, não atendendo nós às coisas que se veem, mas sim às que se não veem" (2Cor 4, 17-18).
Neste Domingo da Divina Misericórdia somos chamados a renovar a nossa fé, como o apóstolo São Tomé. Esta fé, no entanto, não é uma fé genérica. Devemos crer na misericórdia que se manifesta no Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição. Santa Faustina escreve que os demônios sabem de outros atributos de Deus, mas a misericórdia é uma característica na qual eles não conseguem crer.
Dessa necessidade de atualizar o anúncio da misericórdia de Deus é que vem a instituição da festa da Divina Misericórdia. Nela, os pecadores devem se aproximar com confiança do Coração Misericordioso que nos lava de nossos pecados (raio de luz branca – água) e nos imerge no amor de Deus (raio de luz vermelha – sangue). Esses sinais nos recordam o lado aberto de Jesus que jorrou sangue e água quando perfurado pela lança no alto da cruz. E também é o anúncio do nascimento da Igreja e o símbolo dos sacramentoas do Batismo e da Eucaristia.
São João Paulo II, seguindo as inspirações de Santa Faustina, não somente instituiu a festa, mas concedeu indulgência plenária aos fiéis neste Domingo: “Concede-se a Indulgência Plenária nas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão Eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da "Misericórdia Divina", em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso. (Por ex.: "Ó Jesus Misericordioso, confio em Ti")”. (Decreto da Penitenciaria Apostólica).
Que esta Festa nos ajude a nos prepararmos para a abertura do Ano Santo Extraordinário sobre a Misericórdia, a ser inaugurado em 08 de dezembro do corrente ano. O Papa Francisco chama sempre a atenção a vivermos a misericórdia divina. Não só em palavras, mas em ações concretas. O Jubileu da Misericórdia procura ressaltar ainda a importância e a continuidade do Concílio Vaticano II, concluído há exatos 50 anos. A misericórdia é um dos temas mais importantes no pontificado do Papa Francisco, que, já como bispo escolheu como lema próprio “miserando atque eligendo”, que pode traduzir-se como: “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”, ou “Amando-o, Ele o escolheu”.


Homilia do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Homilia do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C) Um homem vem a Jesus pedindo que diga ao irmão que reparta consigo a herança. Depois ...