Homilia do
Pe. Fantico Borges – XV Domingo do Tempo Comum – Ano B
Na
missa deste domingo ouvimos Jesus chamar os seus discípulos e envia-los a todo os
lugares e povoados. Envia-lhe a sua frente e dar recomendações que não levem
muita coisa. Para ser um missionário de Jesus não precisamos de muitas coisas. Apena
o essencial para a luta espiritual, ou seja, a fé e a fidelidade a Palavra de
Deus. Ser discípulo de Jesus pressupõe coragem para anuncia-lo em todas as
situações da vida, mesmo que isso custe sofrimento e insegurança. O profeta não
anuncia a si, nem o que agrada aos homens, mas sim a verdade de Deus. Neste
sentido, o profeta tem que ser livre e desimpedido.
Para
construirmos um caminho de liberdade profética, é mister, entender que nossa
vocação é um chamado do Senhor a sermos santos e irrepreensíveis. Nesta esteia
é necessário recapitular a vida em Cristo, no qual fomos predestinados a sermos
filhos de Deus. Quem é a fonte desta transformação pessoal : Jesus Cristo! N’ele nosso vida toma sentido e nosso futuro
está solidificado em terra boa.
Como
primeiro chamado, somos convocados por Deus a sermos santos, daí que a vocação
à santidade é a primeira exigência batismal. Todo batizado estar atraído por
Jesus a ser santo. “Em Cristo, o Senhor nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que
sejamos santos e irrepreensíveis sob
o seu olhar, no amor” (Ef 1,4). Todos os batizados podem aplicar a si próprios
essas palavras de São Paulo, porque todo batizado é chamado a santidade. Graças
ao Batismo e à Confirmação (Crisma), todos os fiéis cristãos são “uma raça
eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular
propriedade” (1 Pd 2,9), “destinados a oferecer vítimas que sejam agradáveis a
Deus por Jesus Cristo” (Vat. II, LG,10).
Por vontade divina, dentre os fiéis que possuem o
sacerdócio comum, alguns são chamados- mediante o sacramento da Ordem- a
exercer o sacerdócio ministerial. Este pressupõe o sacerdócio comum dos fiéis,
mas distingue-se dele essencialmente: pela consagração recebida no sacramento
da Ordem, o sacerdote converte-se em instrumento de Jesus Cristo, a quem
empresta todo o seu ser, para levar a todos a graça da Redenção. É um homem
escolhido entre os homens, constituído em favor dos homens no que se refere a
Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados (Hb 5,1). Qual é, pois, a
identidade do sacerdote? “A de Cristo. Todos os cristãos podem e devem ser não
já alter Christus, mas ipse Christus: outros Cristos, o próprio Cristo! Mas no
sacerdote isto se dá imediatamente, de forma sacramental” (S. Josemaria
Escrivá, Amar a Igreja, pág. 72). Assim o sacerdote é um canal da graça de
Deus, como instrumento insuficiente para agir e realizar a profecia de Jesus
Cristo.
O Senhor, presente de muitas maneiras entre nós,
mostra-se muito próximo na figura do sacerdote. Cada sacerdote é um imenso dom
de Deus ao mundo; é Cristo que passa fazendo o bem, curando doenças, dando paz
e alegria às consciências; é o instrumento vivo de Cristo no mundo, empresta a
Nosso Senhor a sua voz, as mãos, todo o seu ser. “Jesus – recordava São João
Paulo II aos sacerdotes – identifica- nos de tal modo consigo no exercício dos
poderes que nos conferiu, que a nossa personalidade como que desaparece diante
da sua, já que é Ele quem atua por meio de nós.”
Na celebração da Missa, é Jesus Cristo quem muda a
substância do pão e do vinho no seu Corpo e no seu Sangue. E “é o próprio Jesus
quem, no sacramento da Penitência, pronuncia a palavra autorizada e paterna: Eu
te absolvo dos teus pecados. E é Ele quem fala quando o sacerdote, exercendo o
seu ministério em nome e no espírito da Igreja, anuncia a Palavra de Deus. É o
próprio Cristo quem cuida dos doentes, das crianças e dos pecadores, quando o
amor e a solicitude pastoral dos ministros sagrados os envolvem” (São João
Paulo II).
Um sacerdote é mais valioso para a humanidade que
todos os bens materiais e humanos juntos. Daí a importância de rezarmos muito
pela santidade dos sacerdotes, ajudá-los e ampará-los com a nossa oração e a
nossa estima.
Deus toma posse daquele que chamou ao sacerdócio,
consagra-o para o serviço dos outros homens, seus irmãos, e confere-lhe uma
nova personalidade. E este homem, eleito e consagrado ao serviço de Deus e dos
outros, não o é somente em algumas ocasiões determinadas, por exemplo, quando
realiza uma função sagrada, mas sempre, em todos os momentos, tanto quando
exerce o mais alto e sublime ofício como no ato mais vulgar e humilde da vida
quotidiana. Qualquer coisa que faça, qualquer atitude que tome, quer queira,
quer não, será sempre a ação e a atitude de um sacerdote, porque ele o é
sempre, em todas as horas e até à raiz do seu ser, faça o que quiser e pense o
que pensar.
O Sacerdote é um enviado de Deus ao mundo, para que
lhe fale da sua salvação, e é constituído administrador dos tesouros de Deus: o
Corpo e o Sangue de Cristo, bem como a graça de Deus por meio dos sacramentos,
a palavra de Deus mediante a pregação, a catequese ,os conselhos da Confissão.
Está confiada ao sacerdote a mais divina das obras divinas, que é a salvação
das almas; foi constituído embaixador e medianeiro entre Deus e os homens.
Por isso temos que rezar muito mais para que a
Igreja conte sempre com os sacerdotes necessários, com sacerdotes que lutem por
ser santos. Temos que rezar e fomentar essas vocações, se é possível, entre os
membros da própria família! Que imensa alegria para uma família se Deus a
abençoa com este dom!