HOMILIA DO
PE. FANTICO – XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A.
NA
RESPOSTA DE FÉ DE PEDRO A IGREJA ESTÁ UNIDA A CRISTO!
A liturgia deste domingo traz aos
nossos corações aquelas palavras de Jesus a Pedro: “Feliz de ti,
Simão, filho de Jonas..” Oh que felicidade receber do
próprio redentor essas suaves palavra! Mas, o contexto em que foram proferidas
estava recheada de revelações. O
Evangelho (Mt 16, 13-20) nos apresenta Jesus com os seus discípulos em Cesareia
de Filipe. Enquanto caminham, Jesus pergunta aos Apóstolos: “Quem dizem os
homens ser o Filho do homem?” E depois que eles apresentaram as várias opiniões
que as pessoas tinham, Jesus pergunta-lhes diretamente: “E vós, quem dizeis que
eu sou?”. Segunda São Leão Magno, “o senhor pergunta a todos os apóstolos o que
os homens pensavam a seu respeito, porém, o que estava posto em revelo era o
desejo de saber quem eles entendiam ser o Filho do Homem. A resposta como tal é
início de uma fé madura e íntima. A resposta é tomada de teofania, e como na
ordem do chamado Pedro toma a palavra e responde: “ Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. A indagação se move
da esfera social para teologal. Novamente São Leão magno faz lembrar que a
declaração de Jesus acerca da revelação de Pedro faz parte da vontade absoluta
de Deus em revelar-se aos homens pelo Filho Unigenito: “Como o Pai te
manifestou a minha divindade, assim também te faço conhecida tua excelência”.
A vida de intimidade com Jesus exige
uma visão pessoal acerca de sua identidade. Disse São João Paulo II, em
1980: “Todos nós conhecemos esse momento em que já não basta falar de Jesus
repetindo o que os outros disseram, em que já não basta referir uma opinião,
mas é preciso dar testemunho, sentir-se comprometido pelo testemunho dado e
depois ir até aos extremos das exigências desse compromisso. Os melhores
amigos, seguidores, apóstolos de Cristo, foram sempre aqueles que perceberam um
dia dentro de si a pergunta definitiva, incontornável, diante da qual todas as
outras se tornam secundárias e derivadas: “Para você, quem sou Eu?” Todo
o futuro de uma vida “depende da nossa resposta nítida e sincera, sem retórica
nem subterfúgios, que se possa dar a essa pergunta”. Neste sentido, a resposta
de Pedro é a mesmo da Igreja na sua mais profunda intimidade.
Essa pergunta encontra particular
ressonância no coração de Pedro, que, movido por uma graça especial, respondeu:
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus chama-o bem-aventurado (Feliz és
tu, Simão…) por essa resposta cheia de verdade, na qual confessou abertamente a
divindade dAquele em cuja companhia andava há vários meses. Esse foi o momento
escolhido por Cristo para comunicar ao seu Apóstolo que sobre ele recairia o
Primado de toda a sua Igreja: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá
vencê-la…”. A confissão vem imbuída de uma grande missão. Graças à escuta de
sua palavra e à cotidiana convivência, Discípulo reconheceu o Messias porque a
revelação do Pai encontrou nele abertura e acolhida. Quer dizer, descobre a
verdade dos desígnios de Deus quem se deixa iluminar pela luz da fé. Com razão,
reconhece o Documento de Aparecida: “A fé em Jesus como o Filho do Pai é a
porta de entrada para a Vida.” Como discípulos de Jesus, confessamos
nossa fé com as palavras de Pedro: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”
(DAp, 100).
Essa resposta convincente de fé nasce
do conhecimento e da intimidade, profunda, com o Mestre. A busca por estar com
o Senhor, aos seus pés, ouvindo e vendo seus milagres, prodígios e portentos.
Conhecer, então, Jesus Cristo e saber sempre mais sobre sua pessoa, e obra, tem
seu caminho pela leitura e meditação dos Evangelhos, e pelos encontros com Ele
por meio da ação litúrgica, em particular, dos sacramentos.
“Tu és Pedro…”. Pedro será a rocha, o
alicerce firme sobre o qual Cristo construirá a sua Igreja, de tal maneira que
nenhum poder poderá derrubá-la. E foi o próprio Senhor que quis que ele se
sentisse apoiado e protegido pela veneração, amor e oração de todos os
cristãos. Se desejamos estar muito unidos a Cristo, devemos estar sim, em
primeiro lugar, a quem faz as suas vezes aqui na terra: o Papa. O nosso amor
pelo Romano Pontífice não é apenas um afeto humano, baseado na sua santidade,
simpatia, etc. Quando vamos ver o Papa, escutar a sua palavra, fazemo-lo para
ver e ouvir o Vigário de Cristo, o “doce Cristo na terra”, na expressão de
Santa Catarina de Sena, seja ele quem for. O Romano Pontífice é o sucessor de
Pedro; unidos a ele, estamos unidos a Cristo.
Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para
concretizar interesses pessoais; mas deve exercer o seu serviço como um pai que
procura o bem dos seus filhos, com solicitude e dedicação. Define em que
consiste o verdadeiro serviço “das chaves”, o serviço da autoridade: ser um pai
para aqueles sobre quem se tem responsabilidade e procurar o bem de todos com
solicitude, com amor, com justiça. Nos tempos antigos, “administrador do
palácio”, entre outras responsabilidades, administrava os bens do soberano,
fixava o horário da abertura e do fechamento das portas do palácio e definia
quais os visitantes a introduzir junto do soberano. Assim como na primeira
leitura de hoje o Senhor entregou a administração para outro que cuide com amor
na sua casa, da mesma forma, Jesus entrega a Pedro a administração da Igreja. Nas
palavras de São Cipriano “A Pedro se dá a primazia para se crer uma a Igreja e
a Cátedra de Jesus Cristo. Todos são pastores, porem todos de um só rebanho,
que unânimes apascentam a todos”.
O ministério de Pedro
consiste em fazer com que a Igreja de Cristo não se perca por ideologias e
culturas, mas conserve intacta a unidade que só em Cristo alcança seu apogeu. Por
conseguinte, a missão de Pedro consiste em servir a unidade interior que provém
da paz de Deus, a unidade de quantos, em Jesus Cristo, se tornaram irmãos e
irmãs, ovelhas do mesmo rebanho.
Uma conclusão brota da
profissão de fé de Pedro: “tu és o Filho do Deus vivo!” Simão sabia quem era
Jesus porque criou com ela uma relação de proximidade, de discípulo e mestre. Esse
mesma pergunta do Cristo ressoa ainda hoje: “ E vós, quem dizeis que eu sou?”
Cada resposta revelará seu grau de intimidade à medida, que o discípulo se
assemelhar com seu mestre. Por isso, que uma forma de observamos se nossa
resposta é pueril ou nasce da intimidade vejamos como nos afeiçoamos ao Senhor.
Pe. Fantico Borges, CM