sábado, 14 de abril de 2018

Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – III Domingo da Páscoa – Ano B.


Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – III Domingo da Páscoa – Ano B.

Vós sereis minhas testemunhas!

O evangelho deste domingo continua a meditação do episódio dos discípulos de Émaus. Quando eles ainda estão conversando sobre o que tinha acontecido com eles no caminho, Jesus aparece e lhes deseja a paz; ele continua a explicar-lhes sem interromper o argumento: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos” (Lc 24,44). Os discípulos ainda não tinham entendido a escritura, porque desejavam um messias aos padrões dos desejos humanos e não a partir dos planos de Deus.
Observemos que a pregação de Pedro alude para uma consciência da Lei e dos Profetas. A comunidade quer deixar bem claro que Jesus rejeitado pelos chefes dos judeus e mestres da Lei é o mesmo que as profecias anunciavam. O discurso dos Apóstolos é duro. Vos Matastes, vos rejeitastes e pedistes a liberdade a um assassino e a condenação de Jesus. Mas Deus o ressuscitou e o libertou tornando-O Guia Supremo. Agora, arrependei-vos e convertei-vos para serdes perdoado pelo Cristo e batizado em seu nome. Ora, a proposta dos apóstolos é uma mudança de mentalidade a fim de viver uma vida nova, segundo o mandamento novo.  
Para essa vida nova o critério é viver segundo o mandamento de Deus. Quem diz que ama a Deus e não guarda seus mandamentos é mentiroso. Qual é esse mandamento? Jesus resumiu toda lei e preceitos em Amor a Deus e amor ao próximo. Ora, esse amor foi experimentado de modo real na cruz e assumido como expressão de entrega e confiança. A cruz revela com toda a força, até onde Deus é capaz de ir por nós: ele é capaz de se entregar, de dar sua vida por nós! No seu Filho o Pai nos entrega tudo de precioso que ele tem! No Filho feito homem de dores, humilhado e derrotado, nós podemos compreender o quanto somos amados por Deus, o quanto ele nos leva a sério, o quanto é capaz de descer para nos procurar! Contemplemos a cruz e sejamos gratos a Deus que se entrega assim!
O Filho, entregue ao Pai com toda a confiança e todo o abandono, o Filho, feito homem de dores, agora é glorificado pelo Pai e colocado no mais alto da glória. Deus jamais abandona os que a ele se confiam. Podemos imaginar o Senhor Jesus dizendo as palavras do Salmo de hoje: “Eu tranqüilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!” O nosso Salvador adormeceu no sono da morte certo que o Pai o despertaria para a vida da glória! Sim, o Pai é Fidelidade, o Pai é Amor! Mas, é também fidelidade e amor para conosco. Efetivamente, tudo quanto aconteceu com o Filho na cruz foi por nós, para nossa salvação, para que o nosso pecado, a nossa situação de miséria, encontrasse expiação. Eis como a Palavra de Deus deste hoje insiste nisso: “Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro”. E o próprio Jesus afirma no Evangelho que “no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”. Meus caros em Cristo, na cruz e ressurreição do Senhor, Deus, amorosamente nos concedeu o perdão dos pecados!
Então, que temos de fazer para corresponder a tanto amor, a tão grande graça? Três coisas: primeira: crer em Jesus, o Enviado do Pai, que por nós morreu e ressuscitou: “Convertei-vos para que os vossos pecados sejam perdoados!” Quem crer em Jesus, quem diante dele reconhecer-se pecador e o acolher como o Salvador e nele colocar a vida, nele encontrará o perdão que vem pela cruz e a ressurreição. Segunda coisa: viver na Palavra do Senhor: “Para saber se o conhecemos, vejamos se guardamos os seus mandamentos. Naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”. A fé, caríssimos, não é um sentimento nem uma teoria. Nossa fé em Jesus morto e ressuscitado deve levar a um compromisso sério e radical com o Senhor na nossa vida concreta. Quem não guarda os mandamentos, não crê! Quem não crê, fecha-se para a salvação! Terceira coisa: testemunhar Jesus morto e ressuscitado: “Vós matastes o Autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. Disso nós somos testemunhas!” E Jesus diz: “Vós sereis testemunhas de tudo isso!” Caros meus, nós não conhecemos Jesus de um modo teórico. Nós o experimentamos na força da sua Palavra e na graça dos seus sacramentos, sobretudo na participação na Eucaristia. Jesus, para nós, não é um fantasma! “Por que estais preocupados tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!” Sim, meus caros, quantas vezes tocamos Jesus, sentimo-lo vivo, caminhando conosco! Tenhamos, então a coragem de nele crer, de nele viver e dele dar testemunho onde quer que estejamos e onde quer que vivamos. Jesus não é um fantasma! Jesus está vivo! Jesus é Senhor! E sua paz,  sua vitória e seu perdão são provas de sua presença sempre conosco.  

Pe. Fantico Borges, CM

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